Sail Safe.
Hoje é a última 6ª feira de férias...wow parece uma tragédia na minha pequenez de vida mas tenho um misto de sensações que me deixam um bocado desconfortável, a minha cabeça parece uma manhã de nevoeiro, pouco clara.
Ontem tomei a decisão de não fazer o exame de amanhã, estive um dia inteiro de volta de uma alínea de um exercicio e soube, por experiência própria, que ia lá para desistir da prova. Tenho só uma hipótese e tem que ser certeira, portanto, agora tenho duas semanas para dar o melhor de mim...ou o suficiente para tirar 9.5 valores. De qualquer das formas essa minha decisão fez-me sentir culpa nos dias em que não fiz nada, em que estive estendida de papo para o ar e a dar braçadas nas águas gélidas do algarve e que não toquei uma única vez no estudo. Ok, se calhar até toquei, para tirar de dentro da mala a papelada toda e máquina de calcular...enfim...há que ter uma reação para cada decisão tomada e agora, depois, das férias e de algum relaxamento, não poderá existir procrastinação na minha vida.
E há apenas um fim de semana a separar o meu regresso ao trabalho. Já é do conhecimento de alguns que tenho uma relação amor-ódio com o meu trabalho. Por um lado quero investir mais em mim na área, e por isso meto a minha cabeça a trabalhar para conseguir ser cada vez mais organizada e profissional, mas por outro, odeio cada dia que permaneço lá. Nunca tinha assistido a tanta hipocrisia, a tanto interesse, a tanta inveja, ciúme. A partir do momento que começo a ganhar caminho e a fazer as coisas bem, alguém faz-me uma rasteira e caio redonda e choro choro, como se isso me valesse de alguma coisa. Já aconteceu imensas vezes e o meu problema é que estou tão preocupada em dedicar-me ao trabalho e a acreditar nas pessoas que não vejo nem oiço em meu redor. E depois caio, redondinha.
Já me aconteceram algumas situações e uma delas foi conseguirem afastar-me de determinados trabalhos, lentamente, ao de leve, de forma a eu não perceber. Adivinhem, não sou assim tão tótó. Eu percebi. Tal como percebo que me querem fora do seu raio de ação definitivamente, como se na empresa só pudesse haver uma única pessoa competente. E digo-vos que já estiveram mais longe, mas agora não é porque querem, é porque eu sinto que não pertenço ao caminho que a empresa está a levar e quero outros voos.
Quais? Ainda não sei bem!
Infelizmente, ou felizmente, não sei, porque na realidade nunca sabemos o que nos trazem as portas que se fecham para nós, o que perdemos ou o que ganhámos com isso, tive uma resposta negativa à entrevista de emprego. Não senti tristeza. Já tinha pensado que talvez não fosse bem aquilo que queria fazer durante mais uns anos. Não fui traída pelas minhas depressões e ansiedades e continuei feliz da vida com as minhas férias.
O que aprendi? Tenho realmente que parar, sentar-me, respirar e traçar um objectivo. Basta começar só com um pequenino, acho que depois é mais fácil chegar mais longe e traçar um maior. Aí sim, posso fazer uma seleção mais restrita e continuar a procura de uma nova viagem.
Tenho realmente que parar mais vezes, respirar, concentrar-me e delinear caminhos importantes para mim e não ter a cabeça cheia de mimimis, e ses, e indecisões que me fazem ter noites mal dormidas e dores de cabeça desnecessárias.
Apesar destas férias não terem sido totalmente relaxantes, porque a minha mente e o meu corpo estão sempre em desenvoltura total e posso dizer que só senti mesmo descontração durante dois dias, percebi que continuo a ser levada pelo barco e não é isso que quero, quero realmente saber controlar o barco e ir mar adentro. Enfrentar as ondas maiores, as mais pequenas e as tempestades, contornando tudo, mesmo com lágrimas e sofrimento mas que depois de tanta reviravolta possa velejar em águas transparentes e quentinhas.
Estou realmente a precisar de acreditar em mim. Em acreditar nas minhas capacidades. Em ser um bocadinho mais sem cair no exagero da exigência.
Pois, por vezes, menos é mais!