quando é que as pessoas deixam de ser pessoas?
Quem vai lendo as minhas coisas já percebeu que no meu trabalho tenho assistido a situações deprimentes, e achava eu, ingenuazinha, que isto eram mimices minhas, empresas pequenas em crescimento, gente pobre que virou rica, beca beca. Enfim, pensamento pobre de pobre.
Hoje, em trabalho, deparei-me com mais um processo semelhante mas com uma empresa internacional. Retirar condições aos trabalhadores. Do refeitório grátis ao espaço social da marmita. O que envolve? Despedimento de pessoas e obras. O que vão gastar? Muito dinheiro. Qual o edifício que vão demolir? O outro, o que não tem problemas graves a nível estrutural, esse vai continuar a ter pessoas lá dentro.
Há um obstáculo muito grande entre mim e as pessoas. Não deixo de pensar que a outra pessoa é uma pessoa igual a mim, pode ter um "estofo" diferente, uma maneira de pensar e agir diferente mas caramba, é uma pessoa. E eu também gosto de vê-las a ter boas condições, a trabalhar com motivação e entristeço-me quando isso não acontece, quando assisto a decisões deste género e ainda para mais quando faço parte desse processo. Acho que tenho sofrido mais por causa disto, de querer motivar as pessoas que estão comigo, dando-lhes alguma abertura e tratando-as com respeito.
Afinal quando é que as pessoas deixam de ser pessoas?
Quando são mais pobres do que as outras?
Quando a hierarquia, neste caso, no trabalho, é inferior?
Porque se considera uma pessoa, ou até mesmo um deus, um administrador de uma grande empresa e um verme a um cantoneiro?
Porque pessoas tratam pessoas que nem lixo?
Somos meros robots na vida profissional e na vida em geral?
O que se passa com a espécie humana?
É claro que no meio deste antro todo, vou apanhando pessoas boas. Simpáticas, bem dispostas, com um astral que me contagia e que me põe um sorriso no rosto e me proporciona gargalhadas aliviantes. Aqui no blogue, são as palavras reconfortantes, seja em comentários ou em textos com os quais me identifico e que por vezes penso que foi obra de algum individuo espiritual que me anda a enviar sinais.
Afinal qual é o mal de nos tratarmos bem uns aos outros?
Somos todos diferentes e depois?