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TóTó é o nome carinhoso que ele me dá. Ar calmo e sereno versus um turbilhão interior. Serei eu assim, Para Sempre.

TóTó é o nome carinhoso que ele me dá. Ar calmo e sereno versus um turbilhão interior. Serei eu assim, Para Sempre.

Desafio Outubro - Escrita - Dia 1: Pegada

Há pouco, no supermercado, vi uma senhora numa cadeira de rodas daquelas todas automatizadas. Eu já estava na caixa e apercebendo-me de que ela não andava à procura de algo nas prateleiras mas sim de uma forma de conseguir pagar, disse-lhe para passar  à minha frente.

Agradeceu mas disse-me que o problema dela era que não cabia na caixa onde eu estava e a caixa adaptada estava fechada.

Foi pedir ajuda à recepção e passou nas  caixas automáticas. 

 

À saída percebi que o carro dela também era todo automatizado. 

 

Então de imediato lembrei de um dos trabalhos que ando a fazer. Uma rampa de acessibilidades. Todo um processo de vários dias, semanas, com indeferimentos e regulamentos à mistura. Trabalho esse onde oiço barbaridades como "porque é que tem que ser pavimento cinzento? Eles não vêem!"Isto porque as rampas também têm que ser adaptadas aos invisuais e existem pavimentos próprios para isso. )

 

Olhei para aquela senhora e pensei " Caramba, que dificuldades deve ter ela todos os dias e ao início deve ter sido ainda pior, provavelmente não tinha as mesmas condições para lhe facilitar os movimentos."

 

E então todo uma reflexão se criou na minha cabeça. E não me interpretem mal, não quero comparar uma tragédia com uma coisa tão banal como o meu pré-ódio pelo trabalho mas comecei a pensar nas circunstâncias.

 

Aquela senhora debateu-se com algo que mudou drasticamente a sua vida e com certeza que sofreu muito, chorou muito, teve uma série de obstáculos e não falo só de passeios na rua, e fez mil vezes a pergunta "Porquê?".

De modo idêntico, hoje debato-me com o meu trabalho, ponho em causa a minha escolha profissional, as minhas capacidades e competências, tudo porque constantemente enfrento obstáculos e pregam-me rasteiras e eu caio redonda e choro e choro. "Porquê?"

 

Está a ser realmente dificil introduzir-me e adaptar-me num trabalho pouco metódico e organizado, mas com uma grandeza de responsabilidade considerável, e conseguir seguir uma linha sem desvios e lombas é realmente um nó na cabeça. 

Mas tal como aquela senhora deu a volta à sua situação, procurando meios de movimentação que lhe facilitassem a vida, também eu devo procurar os meus métodos para me manter à tona e conseguir ser muito melhor do que sou hoje e que possa finalmente realizar-me a nivel profissional.

 

Hoje a ida ao supermercado fez-me ver que o melhor a fazer é deixar de olhar fixamente para um porquê vazio e abraçar a resposta que está ali ao lado de braços estendidos para mim, pois seja um rasto ou uma pegada, o importante é a marca que deixamos para nós mesmos e para quem tem realmente valor na nossa vida.

 

pegada.jpg

 

 

 

Texto inserido no Desafio da escrita.

Palavra do dia 1: Pegada

 

  

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