Desafio da escrita - Dia 24 e 25: Peluche e Flores
Nunca tive muitos brinquedos. Lembro que guardei as bonecas, que recebia no natal, durante anos em cima do roupeiro. Dentro das caixas, elas olhavam para mim todas as noites e eu dizia-lhes "Não posso, a mãe não deixa". Durante anos resisti, até que percebi que mais cedo ou mais tarde eu ia perder a vontade de brincar com elas e eu tinha que pegar-lhes.
Um dia, nas férias, sozinha em casa, abri uma caixa (tótó foi rebelde! ) . Foi tão bom apertá-la, sentir a textura do fato, mexer nos caracóis castanhos, bem clarinhos. Parecia um encontro de um amor à distância. Lembro perfeitamente de arrumá-la na caixa tal qual estava, para que a mãe não se apercebesse. Fiz isto várias vezes até que a minha mãe descobriu mas não disse nada e a partir daí a boneca ficou comigo, não voltou mais para a caixa. Depois abandonei-a, já não queria bonecas, queria música, livros, amigas em carne e osso.
Quanto a peluches, não me lembro de nenhum antes daquele que ficou marcado na memória. O ursinho de peluche mais fofo de sempre que trouxe o meu padrinho quando fez a sua primeira viagem de avião. Veio da terra das flores, a Holanda.
Coitados, desprezei-os, mas ainda lá estão em casa dos meus pais, guardados, para serem amigos de quem vier a seguir.