Cresci numa aldeia pequena e com poucos miúdos, a partir de certa altura comecei a brincar cada vez mais sozinha e fui ficando mais sozinha. Mas não me perdi. Brincava, lia, ouvia músicas, não tinha internet nem computador, então usava as cassetes e ficava à espera daquela música na rádio para gravar e depois era um "toca, tenta decifrar, escreve, volta para trás, volta a passar." Percebia mal algumas coisas, cantava mal, dançava, pulava, namorava com os meus peluches, escrevia nos meus diários. Passei muitas horas sozinha e soube lidar com isso.

Hoje também passo algum tempo sozinha, ainda esta noite dormi sozinha, o J. chegou depois das 9 horas, tomámos o pequeno almoço juntos mas agora está a descansar e eu estou sozinha. Mas venho aqui escrever, vou dar uma arrumação à casa, preparar coisas, vou estar ocupada e vou estar comigo mesma.

Às vezes é bom, outras vezes nem por isso mas temos que saber viver com todo o tipo de companhia.