Como tem sido a minha gravidez - Parte I
Naquele fim de semana de outubro era suposto aparecer o período. Mas não apareceu. Já tinha acontecido antes um atraso e portanto decidimos esperar mais uns dias. Numa quarta-feira, no banho, dei conta que tinha umas covinhas junto às virilhas. Tinha acontecido na outra gravidez e por isso, disse para mim "Já está! Estou grávida!" Falei disso com o J. e no dia seguinte, depois do trabalho, fiz o teste. O João tinha adormecido e não esperei por ele. Da outra vez tinhamos feito aquele ritual juntos e não queria repetir a cena.
Deu positivo. Deixei o teste junto dele e quando acordou viu. Também ele não fez um grande alvoroço, apesar de mostrar mais felicidade do que eu.
Depois foi marcar consultas e passadas duas semanas comecei com os enjoos, os vómitos matinais e um cansaço e sonolência terríveis. Chegava arrasada ao final do dia e só queria dormir.
Deixei de poder lavar os dentes depois do pequeno almoço, era vómito certo e cheiros fortes de manhã também reviravam-me o estômago. Caí no erro de um dia preparar salmão no forno de manhã e o pequeno almoço nem tocou no estômago, voltou de imediato por onde entrou. Só começou a passar mais com o abençoado Nausefe e também de ter deixado de beber leite.
O ambiente em casa começou a piorar, eu sentia-me mal e só queria estar no meu canto e esta mudança para o J. afetou-o bastante e comecei aos poucos a tentar levantar-me daquele mal estar todo. Tive que esperar até ao final de novembro para ter consulta com o obstetra e os niveis de preocupação e ansiedade eram elevados, a juntar a todo o processo de transformação, foi realmente um mês muito dificil. Uma angústia enorme, um medo terrível de viver novamente o mesmo momento, um estado depressivo intenso.
No dia 30 Novembro pelas 14.30h, foi a consulta no obstetra, o mesmo da outra vez, e um médico bem conceituado na área. Estava super nervosa, ao ponto de não responder corretamente às perguntas do médico.
O deitar na marquesa, puxar as roupas para ficar com a barriga livre, o gel (felizmente quente) sobre a barriga e finalmente a imagem. Aparentemente maior. Pausa do médico. Ânsias. Outra vez não por favor. "Está tudo bem, mas parece já ser de 12 semanas. Tem a bexiga muito cheia. Vá lá ao wc."
Que alívio. Está tudo bem, perfeitinho. Que alegria. Meu Deus como uma boa notícia muda tudo. Prosseguimos com a ecografia. Tudo perfeitinho. Estava aos saltinhos, tão bonito, que felicidade. O médico pergunta se queremos saber se é rapaz ou rapariga, perguntei se já dava para saber, o dr. responde que pode dar a sua opinião. Assentimos. Menina. Ai que vontade de rir. O J. tem uma cena com os sonhos, que muitas vezes se concretiza, e ele tinha sonhado uns dias antes de que era menina.
Ainda era cedo para confirmar o sexo mas o primeiro pensamento que tive ao olhar para aquelas imagens foi:
"Minha menina, vou tentar que sejas uma mulher forte, bem melhor do que eu, o que eu não consigo fazer por mim, que possa encaminhar - te a fazer melhor. "
A partir desse dia consegui passar a confiar, ter fé e coragem para me tornar mãe daquele novo ser humano.