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TóTó é o nome carinhoso que ele me dá. Ar calmo e sereno versus um turbilhão interior. Serei eu assim, Para Sempre.

TóTó é o nome carinhoso que ele me dá. Ar calmo e sereno versus um turbilhão interior. Serei eu assim, Para Sempre.

A Pressão Social da Gravidez

Se colocarmos completamente de lado as coisas ruins e as tristezas, qual é a percepção que temos das nossas vidas?

 

Quando me deu as crises dos trinta, pensei "Wow, o tempo não está a passar demasiado rápido? Imaginando que vivo 60 anos, metade do tempo já passou! O que é que vou fazer com o tempo que me resta? Não posso deixar fugir por entre os dedos e pensar que podia ter feito mais! Eu tenho que viver mais!"

 

Pois, pois, quem é que já não passou por isso?

 

Os trintas também trazem outra coisa: " Então e meninos?"

 

Pois, pois, se antes era "Então e namorico?" ou, passando uns anos de namoro,  "Então quando é que casam?", agora é mesmo a pressão social para ter filhos.

 

Quanto a isso posso dizer que adoro crianças, perco-me na brincadeira com elas, às vezes sou mesmo mais criança que elas mas dão-me um ânimo enorme. Mas quando penso em ter um filho a história já é outra. Não é que não tenha vontade, não é que aquela coisa do relógio biológico não esteja aqui a acenar-me constantemente, mas todo aquele processo de nauseas, desconforto, consultas, possíveis problemas, o facto de eu ter o útero torto, e que a minha médica diz que não há problema nenhum com isso mas o receio de abortos está presente. E depois vem o parto que eu acho uma coisa assustadora. Enfim, é uma coisa que me deixa ansiosa, se pensar muito começo a ficar com um bocado de pânico...

 

Sim, sempre tive presente a ideia de adopção mas ainda o que me assusta mais é a criança ser minha, o ter que cuidar dela, não sentir o que sente, o receio das doenças e dos problemas, as decisões a tomar... Será um ser humano com uma vida pela frente e que vou ser eu (e o pai, claro) a ensinar-lhe os vários passos para estar preparada para este mundo. Alguém que eu não posso proteger para sempre mas que vou estar sempre com o coração apertadinho.

 

Euzinha que mal sei cuidar de mim, vou ter a meu cargo o futuro de um homem ou de uma mulher.

 

E sabiam que há uma fobia para isto? Tem o nome de Tocofobia, de origem grega, «tokos»   significa parto e «phobos», medo. Define-se como uma doença relacionada com o medo intenso e irracional da gravidez e do parto e pode ser classificada por primária ou secundária. A tocofobia primária acontece antes de um parto ou mesmo da gestação, pode ter a ver com situações traumáticas num parto familiar ou até devido a um abuso sexual. A tocofobia secundária ocorre após experiências traumáticas de parto, como por exemplo, uma morte fetal, um parto muito doloroso ou com recurso a instrumentos como ventosa ou fórceps. 

 

Sofro de tocofobia primária porque ter um filho parece-me ser a maior responsabilidade da minha vida.

 

É claro que as fobias tratam-se e passam. Tinha medo de ir estudar para fora do ninho dos pais e consegui perfeitamente, dei-me bem e fez-me uma pessoa bem mais desenrascada. Tinha medo do sexo, das sensações e, apesar de algumas queixas, tem corrido bem. Tinha medo de conduzir e agora olha, vou para todo o lado, enfio-me em quaquer lado (desde que tenha GPS).  Tive medo de morar junto e apesar de alguns encontrões a coisa tem corrido bem. 

 

Se não estivesse no mestrado provavelmente este post era a falar do quão me sentia barriguda e inchada e que não cabia na secretária, sem estar a 50 metros de distância do ecrã do computador. 

 

Acho graça ver as mulheres da minha geração barrigudas ou já com os putos. Faz-me lembrar o tempo que já passou e que me fugiu entre os dedos, as coisas que podia ter feito e não fiz, as coisas que fiz e não devia ter feito.

 

A vida é mesmo assim e espero que com as minhas falhas possa ajudar outra pessoa a dar soluções certas aos erros e falhas que vai cometendo.

 

Por que ninguém é perfeito e todos somos feitos da mesma "fábrica".

 

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