A nossa frente de batalha é ficar em casa!
Nos últimos dias é raro não me lembrar de um filme que vi há uns tempos.
Tão idêntico.
Como se alguém tivesse pegado maléficamente no conteúdo e o tornasse realidade.
O pânico chegou depois de saber que havia 1 caso confirmado e outros suspeitos muito perto de mim. Veio o rodopio da procura de informação sobre o que fazer. Foi uma busca incessante de obter algo que me tirasse as dúvidas, as incertezas, que me desse esperança e alívio para a ansiedade que me transpirava nas mãos.
Os números cresciam, as informações também, até que declararam a tal "guerra" que o filme me mostrou. Uma guerra cujas armas são máscaras, luvas e alcóol. Mas é uma guerra igualmente devastadora. É estarmos à espera que caia a bomba em cima,ficando na incerteza se morremos ou ficamos nos escombros à espera de ajuda, ou se nos safamos com uma sorte do caraças. Mas há também a hipótese de fugir da trincheira e correr velozmente sem ser atingido. Mas isso, pode correr muito mal.
Se nos tiraram a liberdade foi em prol da nossa saúde. Da dos outros. De todos. Foi em prol dos hospitais e dos profissionais que lá trabalham exaustivamente por estes dias e que tentam com um desgaste físico e psicológico diário, manter um gráfico com poucas baixas. E não esqueçamos os outros. Os que nos entregam o correio, a comida, as compras, os que nos atendem nas farmácias, nos supermercados, os que produzem a comida, a bebida, os produtos diários. Os que as entregam. Os que nos levam o lixo. Os que constroem a nossa casa. Os que tratam da economia, das finanças, das nossas empresas. Os que asseguram a ordem, a nossa segurança e a nossa proteção. Todos aqueles que não podem ficar em casa para que fiquemos à tona minimamente.
É por isso que acho que está a acontecer a maior manifestação muda do que são os empregos mais importantes, essenciais e com maior valor para que este país funcione. Os mais mal pagos curiosamente.
É portanto e sem dúvidas, um país inteiro a ser posto à prova. Governantes, diretores da " indústria saúde" têm um enorme peso em cima dos ombros. O maior desafio da vida deles. E ter esperança neles, nas decisões deles, pode ser o maior ato de coragem que podemos ter neste momento enquanto cidadãos portugueses. E independentemente da cor politica, dos desastres que tem havido antes deste vírus, estes governantes estão preocupados (alguns, claro) e querem com toda a consciência que tudo corra bem.
Quando vejo as notícias com governadores de outros países a dizerem que pior foi a facada que levaram ou que não precisam de fazer o teste porque não vale a pena, fico orgulhosa deste nosso país, pequenino e cheio de falhas, que gritou emergência muito antes dos mísseis dispararem descontroladamente.
Foi uma semana de muitos números, de informação crescente e muitas vezes repetidas. Se por um lado pode gerar pânico, por outro vai encaixando na mente de cada um de nós e acabamos por renunciar ao inevitável: Cumprir as regras e o que nos é imposto.
Vamos sentir que nos tiram a liberdade quando tivermos que esperar para entrar no supermercado, ou na farmácia. Ou sair de casa apenas para caminhar um pouco. Mas é errado pensar que nos tiram a liberdade. Temos luz. Temos água. Temos gás. Temos Internet. Temos comida e bebida. Temos trabalho ou lazer. Temos teto. Temos conforto. Temos tempo. Temos tudo. Com tudo o que a tecnologia e as redes sociais nos oferecem podemos "estar" com quem quisermos. "Ver" quem quisermos. "Dizer" o que quisermos.
Não se avizinham bons tempos é certo, mas quero acreditar que vamos ser um exemplo de vitória neste novo marco na história mundial e científica. Para isso, cada um de nós tem um papel fundamental nesta frente de batalha e que é, por sorte, ficar em casa!
E que, por certo, será um grande abre olhos para todos.