Serei eu, eu mesma?
A psicoterapia tem-me feito muito bem, ganhei ferramentas e controlo para as crises e motivação para sair da cama todos os dias e não ter medo de sair de casa. A boa notícia de que não precisava mais das idas ao hospital ajudou-me imenso nisso também, decidi cuidar de mim e começar a ganhar ânimo para enfrentar a vida e delinear objetivos.
Tem sido muito bom procurar a parte positiva nas situações e viver cada dia com alegria, afastar as coisas menos boas que vão aparecendo mas que não são graves o suficiente para me mandar abaixo.
É um caminho do caraças.
Porque há dias em que te apercebes que nem todos partilham da mesma forma de estar e por isso adaptas-te ao ambiente como que em sentido como na tropa. E no entretanto a tua cabeça começa a moer, pergunta-te se não andas a exagerar nessa "felicidade" e "positivismo" todo. Questiona-te se não será a longa toma da medicação que te está a levar a níveis de divertimento que pode roçar o ridículo, a infantilidade e a pôr em causa a tua pessoa enquanto ser de 34 anos. Um adulto, portanto.
Questiona-te se não seria melhor experienciar um outro estado de espírito, mais calmo, mais reservado, sem piadas, como sempre foste, desde que deixaste de ser criança.
Cheguei a um ponto que não sei se serei mesmo eu, se será da medicação, se estarei a ir pelo lado errado ou se serei mesmo assim,só estive muito tempo no meu lado sombra, a negar-me completamente.