As últimas 3 semanas têm sido uma prova de superação aos nervos, à ansiedade e a manter a cabeça o mais fria possivel para conseguir que os dias sejam o mais normal possível.
Começou com uma semana em que, quer no trabalho como em casa, estava tudo danado para estar de mau humor. Ao início ainda quis dar a volta à coisa com as minhas piadas parvas e a minha maneira de ser mais divertida e quase infantil (ou mesmo infantil). Depois percebi que o melhor era deixar-me estar no meu canto sossegadinha e não aborrecer ainda mais as pessoas. Claro que com isto comecei a ficar rabugenta e de mau humor também. Mas depois, as palavras do meu psicólogo começaram a fazer sentido. "Isto não é um problema meu. Não és a causa com certeza, portanto, dá espaço e não abandones a tua pessoa".
Na segunda semana, chegou o primeiro caso de covid na empresa. "Pronto, já sabia que mais cedo ou mais tarde, ele vinha cá bater."
O primeiro encontro com a zaragatoa foi a uma 6ª feira (quer dizer em maio perdi a virgindade com uma zaragatoa, mas foi por outras razões) e eu ia mesmo com toda a certeza que o resultado ia dar positivo. Não deu, felizmente. Dei-me ao luxo de comemorar todo o sábado pela boa notícia. No domingo a coisa começou a fraquejar. Sabemos bem que o período de incubação existe.
Na 2ª feira, chega o segundo caso positivo e "Pronto, é o periodo de incubação, ele ainda está adormecido."
Na 4ª feira, encontrei-me novamente com a zaragatoa, na cruz vermelha, através de um teste rápido. Novamente negativo! Felicidade muita! Dúvidas, imensas!
Como é possível eu partilhar o mesmo espaço com 2 pessoas, uma delas nunca usou máscara, a outra só quando nos aproximávamos ou quando lhe dava ataques de tosse (já era um sintoma) e ter-me escapado? Ainda não estou completamente livre mas pelo menos até agora, sem sintomas e com estes testes negativos posso dizer que muito provavelmente escapei. Eu e o meu chefe que também está negativo.
O J. diz-me que parece que eu quero à força ter COVID. Pois, não é isso. É só muita estranheza e dúvidas sobre este assunto e sobre as circunstâncias de contágio. Por isso comecei então a formular teorias.
A primeira é que o grupo sanguíneo possa ter alguma influência, uma vez que ambos temos o mesmo tipo de sangue e cujas pesquisas revelaram investigações que concluem que há uma maior susceptibilidade de não haver contágio. Talvez o vírus tivesse uma carga viral reduzida, uma vez que elas têm poucos sintomas e estão a recuperar bem, e portanto o nosso sistema imunitário fez o seu papel e eliminou esse "cornetas".
A segunda é que o meu chefe apanhou uma gripe (ou covid?) pela altura do carnaval, passou para a família toda e eu andei também um bocado abananada depois, com uma tosse seca horrível e uma dor de cabeça que quase não conseguia abrir os olhos. Será que afinal já tive COVID e ainda estou imune? Não sei como se fazem os testes de imunidade, hei-de informar-me sobre isso, mas fica a curiosidade de tentar perceber se já tive contacto ou não com o sr.corona.
E Olhem, com isto tudo tenho andado tipo bipolar (com todo o respeito). Ora estou com energia, elimino momentaneamente o assunto da cabeça e sou positiva, ou começo cheia de tremeliques, com dores no peito, no corpo, a pensar que já fez check-in e não sei que tipo de hóspede é.
Como diz o J., já tive grandes constipações, já tive gripe, uma delas estive um dia inteiro sem paladar e olfato e é super horrivel, mas de todas as vezes nunca me passou pela cabeça o pior, que pode sempre acontecer mesmo com uma "gripizinha".
Portanto o melhor a fazer é saber o que o governo e SNS, propõem (mal ou bem, são eles que mandam nisto tudo), seguir as regras, comer saudávelmente, falem com os médicos se podem tomar suplementos para reforçar o sistema imunitário, por exemplo, e não vejam notícias. Não vale a pena porque esão feitas para instalar o medo para que cumpramos as regras e o sistema de saúde não vá abaixo, porque há mais doenças para além do covid e não sabemos quando vamos precisar. Não sejamos egoistas. Sejamos solidários e responsáveis. Para nós, para os nossos e para os outros que são gente como nós.