Das coisas que a depressão nos dá é que quando nos sentimos com mais energia, depois de uma crise, sentimo-nos revitalizados. Como se a vida não fosse acabar já e há mil coisas para fazer ainda.
Estive em baixo de forma. Não tenho tido crises de pânico, nem de ansiedade mas ela está cá e quando as coisas andam estranhas, quando há alguma coisa que me põe mais em baixo ou que me faz pensar mais do que era suposto, é como se se estivesse a abrir um buraco debaixo dos meus pés e lentamente escorrego até ao fundo.
Já me enfiei nesse buraco tantas e tantas vezes e de todas essas vezes tive que escalar para chegar à superfície, deixando-me cansada, exausta e danada!
Neste meu momento de pausa percebi que estava com um sentimento muito mau, a inveja. Sério. Eu invejava algumas pessoas à minha volta, principalmente pelo sucesso, ou melhor, pelo facto de lutarem à sua maneira pelas coisas. Eu olhava para mim e via um caco sem interesse, sem forma de voltar a ser uma peça inteira. Olhava para elas e sentia-me incomodada. Percebi então que estava mal, a minha falta de auto estima estava a levar-me por um caminho degradante.
Então certo dia resolvi focar-me nisto. A inveja e a auto estima estão ligadas, portanto, são diabinhos que me falavam ao ouvido. Aquela não podia ser eu. Eu sempre fui a pessoa que empurrava as pessoas com ideias para seguir em frente com os seus projetos e nunca senti maldade nisso. Sentia-me feliz por ajudar. Portanto não era eu. Era ela. A depressão, a ansiedade.
Decidi portanto listar algumas coisas que gostava de ter ou de fazer e pensar que isso era possível. Porque muitas são fáceis, basta dar um ligeiro passo nesse sentido, dizendo:
Afinal, que mal pode haver em tornar possível algo que eu quero?